Autoridades no país prenderam preventivamente Raul Schmidt Felipe Junior, investigado que estava foragido desde julho do ano passado e é apontado em partilha de propina para o PMDB inclusive, em seu apartamento, avaliado em R$ 12 milhões
Mandados de busca e apreensão e de prisão de um operador foram cumpridos em Portugal na madrugada desta segunda-feira (21/3), na 25; fase da Operação Lava-Jato. O consultor Raul Schmidt Felipe Junior, investigado pelo pagamento de propinas aos ex-diretores da estatal Renato de Souza Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada, foi detido em seu apartamento, em Lisboa, avaliado em 3 milhões de euros (R$ 12,2 milhões). Ele é acusado de participar de repasse de US$ 31 milhões em propina que tinha o PMDB como um dos beneficiários.
Esta é a primeira operação internacional realizada pela Lava-Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Em Portugal, a polícia e a Procuradoria batizaram a ação de ;Operação Polimento;.
Raul Schmidt estava foragido desde julho de 2015, quando foi expedida a ordem de prisão. Seu nome havia sido incluído no alerta de difusão da Interpol em outubro do ano passado. Ele é brasileiro, mas possui naturalidade portuguesa. O investigado vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e se mudou para Portugal após o início da operação.
De acordo com fontes ouvidas pelo Correio, Schmidt vivia em uma área nobre de Lisboa, no apartamento em que foi preso e em que foram feitas as buscas a apreensões de documentos.
[SAIBAMAIS]As autoridades portuguesas batizaram a ação de ;Operação Polimento;, que foi feita pela polícia e Ministério Público português. Delegados da Polícia Federal e do Ministério Público Federal lotados no Paraná acompanharam as diligências. Depois do cumprimento após serem cumpridas as medidas cautelares, o Brasil dará início ao processo de extradição, para trazer Schmidt de volta ao país.
Schmidt será levado perante o Tribunal de Relação de Lisboa, segundo a Polícia Judiciária, de Portugal. A ação foi realizada com 19 pessoas, sendo 14 da própria PJ, um procurador do Ministério Público e um juiz. Do Brasil, participaram dois policiais federais e um procurador da República do Ministério Público.
A PJ disse que identificou Schmidt ;depois de diversas e complexas diligências de investigação tendentes à localização; do suspeito. A reportagem do Corrreio não localizou representantes do investigado.
As provas compartilhadas entre brasileiros e portugueses vão ajudar na apuração realizada pelo grupo de trabalho da PF e pela força-tarefa do MPF em Curitiba, que se dedicam à Lava-Jato.
Operador financeiro A investigação aponta que, além de Schmidt atuar como operador financeiro no pagamento de propinas aos agentes públicos da estatal, o nome dele também aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da Petrobras. O consultor é alvo da operação desde a 10; fase.
Em julho do ano passado, o juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, determinou o bloqueio de R$ 7 milhões da conta de Schmidt, sócio de Jorge Luiz Zelada na empresa TVP Solar, com sede no Brasil e no exterior. Zelada foi preso na 15; fase da Lava-Jato, apelidada de ;Conexão Mônaco;. O ex-diretor transferiu US$ 1 milhão para contas bancárias na China e há indícios de repasses para contas de Raul Schmidt, de acordo com a investigação. Zelada já foi condenado a 12 anos de prisão por Sérgio Moro.
De acordo com o MPF, Raul Schmidt participou da partilha de US$ 31 milhões em propinas que beneficiaram, inclusive, o PMDB. O empresário chinês Hsin Chi Su, o ;Nobu Su;, executivo da empresa TMT, e o lobista Hamylton Padilha repassaram o dinheiro para Zelada, para o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e para o partido, ;responsável pela indicação e manutenção destes em seus respectivos cargos;. Em jogo, estava a contratação do navio-sonda Vantage Drilling para a Petrobras, fornecido pela TMT.
Pelo fato de morarem fora do país, o juiz Sérgio Moro desmembrou a ação penal em relação a Nobu Su e a Raul Schmidt. ;(Os lobistas) João Augusto Rezente Henriques e Raul Schimidt, como intermediadores da propina, responderiam como partícipes do crime de corrupção passiva;, escreveu o juiz na sentença que condenou Zelada a 12 anos de prisão. Henriques repassou a parte do PMDB, segundo o MPF.
Padilha repassou US$ 4,9 milhões para contas de Schmidt entre abril e dezembro de 2009. ;A parte de Jorge Luiz Zelada teria sido transferida por Raul Schmidt para a conta em nome da off-shore Tudor Advisory Inc mantida no Banco Lombard Odier na Suíça;, narrou o juiz Sérgio Moro.
Ineditismo Um investigador do caso destacou ao Correio que esta é a primeira prisão da Lava-Jato fora do Brasil. E também é a primeira busca e apreensão realizada no exterior com a participação de policiais e procuradores brasileiros.
Em fevereiro, houve uma prisão no exterior, mas ela aconteceu quase que ;acidentalmente;. Sérgio Moro expediu ordem de prisão contra o funcionário da Odebrecht Fernando Migliaccio, mas ele não foi localizado e foi considerado foragido a partir de 22 de fevereiro. No entanto, a polícia da Suíça informou depois que ele havia sido detido naquele país no dia 17 por crimes cometidos lá. A PGR ainda negocia a extradição de Migliaccio.
A ação de hoje ocorreu de forma diferente do usual. Normalmente, as autoridades do país estrangeiro ;conversam; com o Brasil por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, órgão central para esse tipo de ação coordenada. Nesta segunda-feira, tudo foi feito diretamente entre a Procuradoria Geral da República de Portugal com a PGR do Brasil, por conta de um acordo bilateral que também existe com o Canadá.
Autoridades no país prenderam preventivamente Raul Schmidt Felipe Junior, investigado que estava foragido desde julho do ano passado e é apontado em partilha de propina para o PMDB inclusive, em seu apartamento, avaliado em R$ 12 milhões
Mandados de busca e apreensão e de prisão de um operador foram cumpridos em Portugal na madrugada desta segunda-feira (21/3), na 25; fase da Operação Lava-Jato. O consultor Raul Schmidt Felipe Junior, investigado pelo pagamento de propinas aos ex-diretores da estatal Renato de Souza Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada, foi detido em seu apartamento, em Lisboa, avaliado em 3 milhões de euros (R$ 12,2 milhões). Ele é acusado de participar de repasse de US$ 31 milhões em propina que tinha o PMDB como um dos beneficiários.
Esta é a primeira operação internacional realizada pela Lava-Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Em Portugal, a polícia e a Procuradoria batizaram a ação de ;Operação Polimento;.
Raul Schmidt estava foragido desde julho de 2015, quando foi expedida a ordem de prisão. Seu nome havia sido incluído no alerta de difusão da Interpol em outubro do ano passado. Ele é brasileiro, mas possui naturalidade portuguesa. O investigado vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e se mudou para Portugal após o início da operação.
De acordo com fontes ouvidas pelo Correio, Schmidt vivia em uma área nobre de Lisboa, no apartamento em que foi preso e em que foram feitas as buscas a apreensões de documentos.
[SAIBAMAIS]As autoridades portuguesas batizaram a ação de ;Operação Polimento;, que foi feita pela polícia e Ministério Público português. Delegados da Polícia Federal e do Ministério Público Federal lotados no Paraná acompanharam as diligências. Depois do cumprimento após serem cumpridas as medidas cautelares, o Brasil dará início ao processo de extradição, para trazer Schmidt de volta ao país.
Schmidt será levado perante o Tribunal de Relação de Lisboa, segundo a Polícia Judiciária, de Portugal. A ação foi realizada com 19 pessoas, sendo 14 da própria PJ, um procurador do Ministério Público e um juiz. Do Brasil, participaram dois policiais federais e um procurador da República do Ministério Público.
A PJ disse que identificou Schmidt ;depois de diversas e complexas diligências de investigação tendentes à localização; do suspeito. A reportagem do Corrreio não localizou representantes do investigado.
As provas compartilhadas entre brasileiros e portugueses vão ajudar na apuração realizada pelo grupo de trabalho da PF e pela força-tarefa do MPF em Curitiba, que se dedicam à Lava-Jato.
Operador financeiro
A investigação aponta que, além de Schmidt atuar como operador financeiro no pagamento de propinas aos agentes públicos da estatal, o nome dele também aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da Petrobras. O consultor é alvo da operação desde a 10; fase.
Em julho do ano passado, o juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, determinou o bloqueio de R$ 7 milhões da conta de Schmidt, sócio de Jorge Luiz Zelada na empresa TVP Solar, com sede no Brasil e no exterior. Zelada foi preso na 15; fase da Lava-Jato, apelidada de ;Conexão Mônaco;. O ex-diretor transferiu US$ 1 milhão para contas bancárias na China e há indícios de repasses para contas de Raul Schmidt, de acordo com a investigação. Zelada já foi condenado a 12 anos de prisão por Sérgio Moro.
De acordo com o MPF, Raul Schmidt participou da partilha de US$ 31 milhões em propinas que beneficiaram, inclusive, o PMDB. O empresário chinês Hsin Chi Su, o ;Nobu Su;, executivo da empresa TMT, e o lobista Hamylton Padilha repassaram o dinheiro para Zelada, para o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e para o partido, ;responsável pela indicação e manutenção destes em seus respectivos cargos;. Em jogo, estava a contratação do navio-sonda Vantage Drilling para a Petrobras, fornecido pela TMT.
Pelo fato de morarem fora do país, o juiz Sérgio Moro desmembrou a ação penal em relação a Nobu Su e a Raul Schmidt. ;(Os lobistas) João Augusto Rezente Henriques e Raul Schimidt, como intermediadores da propina, responderiam como partícipes do crime de corrupção passiva;, escreveu o juiz na sentença que condenou Zelada a 12 anos de prisão. Henriques repassou a parte do PMDB, segundo o MPF.
Padilha repassou US$ 4,9 milhões para contas de Schmidt entre abril e dezembro de 2009. ;A parte de Jorge Luiz Zelada teria sido transferida por Raul Schmidt para a conta em nome da off-shore Tudor Advisory Inc mantida no Banco Lombard Odier na Suíça;, narrou o juiz Sérgio Moro.
Ineditismo
Um investigador do caso destacou ao Correio que esta é a primeira prisão da Lava-Jato fora do Brasil. E também é a primeira busca e apreensão realizada no exterior com a participação de policiais e procuradores brasileiros.
Em fevereiro, houve uma prisão no exterior, mas ela aconteceu quase que ;acidentalmente;. Sérgio Moro expediu ordem de prisão contra o funcionário da Odebrecht Fernando Migliaccio, mas ele não foi localizado e foi considerado foragido a partir de 22 de fevereiro. No entanto, a polícia da Suíça informou depois que ele havia sido detido naquele país no dia 17 por crimes cometidos lá. A PGR ainda negocia a extradição de Migliaccio.
A ação de hoje ocorreu de forma diferente do usual. Normalmente, as autoridades do país estrangeiro ;conversam; com o Brasil por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, órgão central para esse tipo de ação coordenada. Nesta segunda-feira, tudo foi feito diretamente entre a Procuradoria Geral da República de Portugal com a PGR do Brasil, por conta de um acordo bilateral que também existe com o Canadá.
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